segunda-feira, março 19, 2007

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Hoje, tal dia faz um ano.

Hoje, relembro o que um dia julguei ter esquecido – quem julguei ter esquecido.

Recordo o que um dia quis esquecer – quem um dia quis esquecer.

Hoje, um ano após uma data, qualquer coisa que se tenha que celebrar,

Comemoro sozinho a memoria.

Talvez possa comemorar um olhar, o cruzar de uma mirada perdida de encontro á tua pupila dilatada encontrada no meio desse vasto raiar castanho da tua íris, perdida na imensidão dos teus grandes olhos, grandes e profundos olhos. Grandes e profundos e belos olhos teus.

Talvez possa celebrar um abraço, o circundar o teu corpo com os meus braços e deixar-me adormecer no teu regaço, rodeado pelos teus, a apertar-me, a puxar-me ao teu encontro a embalar­.me. eu a sentir a tua pele na minha, colada, estampada, tatuada na minha.

Talvez possa celebrar um beijo, o unir dos nossos lábios, húmidos e carnosos, o saborear da tua língua em mil sabores de paz, êxtase e adrenalina, a dança das nossas línguas, brincadeiras e jogos de encontros e perseguições das nossas línguas vivas nas nossas bocas inundadas em saliva.

Talvez possa comemorar o aniversario de qualquer coisa que nos tenha servido de elo e que um dia nos ligou, nos uniu.


Hoje, tal dia faz um ano…

..:: pR3c!p!t4xÃ0 ::..

Sob a chuva que cai e me chora a alma,

Com esta dor de pensar, no meu caminho de casa,

Fujo deste mundo que me isola e abandona.

Vou para um canto onde possa estar realmente so, rodeado de pedaços de mim.

A chuva que cai e me esmurra o rosto, a chuva que me castiga, escorre-me pela face e deixa leves rastos de sal para trás. Esta precipitação salgada no meu rosto misturada com a doce chuva que me castiga.

Sigo o meu caminho por entre celestes gotas lacrimais que se precipitam e caem a meus pes.

Vou caminhando, tentando evitar cada lágrima que me escorre e me morre.

Com o inundado olhar e liquida a vista, fito a minha mão. Cheia de mortas lágrimas, regada de mortas gotas, que se esvaem entre os dedos, escorrem, e a deixam vazia. A abandonam.

Uma mão. Cinco sentidos. Um corpo. Abandonado. Só.

Finalmente, no meu canto, no meu buraco, do qual nunca devia ter deixado sair este cadáver nem estes epitáfios, encontro os pedaços de mim e do puzzle que fui e sou.

Nunca os vira assim, através destes olhos lavados, inundados pela chuva que la fora cai e me chora a alma.

Talvez, agora, desfocados façam sentido…