não, não morras...
recuso-me a aceitar a tua morte.
recuso-me a aceitar mais uma perda - a tua...
se morreres, se te matares, irei. viajarei. procurar-te-hei pelos confins do mundo, do imaginável. encontrar-te-hei até no fim do mundo, do inimaginável. então REmatar-te-hei. com a minhas próprias mãos. acabarei com a pouca vida que proclamas, com a triste existência que reclamas...
Afogar-te-hei em todas e cada uma das mágoas que sofregamente relatas. Esquartejar-te-hei para ver o morno sangue escorre-te pelo corpo como a dor que exclamas sentir.
Contar-te-hei uma história. a tua historia. aquela que recusaste viver, aquela que trocaste pelos falsos e químicos prazeres...
Relatar-te-hei a história da tua morte....
onde foi parar?...
onde foste parar?...
em que buraco estarás tu desta vez?
onde foi que te perdeste!? te perdemos...
o teu silencio ultrapassa todos os padrões de normalidade do nosso paranormal entendimento.
Cada dia que passa te sinto mais só, abandonado. Em que buraco estarás desta vez?
em que esquina ressacado?
em que canto perdido?
em que mundo afogado?
onde enterrado?
o quê vivido? como sobrevivido...
pelo mundo viajaste, em mil portos atracaste, mais vidas desperdiçaste, oportunidades queimaste... Assim a vida te ensinou. Assim caíste e mais forte te levantaste. Ergues a cabeça ao mundo, nada nem ninguém te ignora, subestima. teu rosto, talhado pela solidão a que te condenas. Um duro!
“faz o que quiseres, sê duro, não tenhas piedade. Não te deixes apanhar. Somente os do teu sangue interessam. Esta é a realidade da vida!”
por tudo isto. Por ti. Sei que não estás enterrado. Sob nada. Sob ninguém.
Nasceste pra mudar o mundo, mas o mundo estupidamente resiste. Vives a tua vida, sobrevives...
não mudas o mundo, mas a tua simples presença transforma o espaço que te rodeia. tudo se rende a ti, á experiência da tua malfadada vida. Única, vivida de maneira única, sobrevivida da única maneira possível. Imaginada por alguns, invejada por outros; evitada por muitos, enfrentada por poucos. Por ti.
em que buraco estarás desta vez?
Contador de histórias. orador por excelência contando uma rude vida de desafortunados encontros desencontrados e desencontros infelizmente encontrados. Estranho rumo de uma mais estranha vida.
Onde foste parar? será que paraste?..
por onde vagueias? que inexplorados buracos profanas? por que becos e ruelas deambulas?
que mundo te conhece? A que mundo te deste a conhecer? Vives no limite. Entre a fronteira do vivo e do morto, do dia e da noite. No fio da navalha. nao consegues ficar parado a ver como se auto-destroem as pessoas, tens de as ajuadar. Junta-te a elas. Destroi-te! Deixa-te deteriorar com o tempo. isso faz-te mais forte. nada tens a perder -
"Ha sempre uma garrafa para beber
e uma mulher para amar,
quando nada se tem a perder"
ha sempre maneira de enganar a saudade, a tristeza, a vida...
Aí reside a tua vontade. serás forte, porque nada terás a perder. O mundo será teu, porque nunca o tiveste. mas pagarás por isso. já o estás a pagar, às prestações, a crédito, com juros.
Na tua vida, nada terás, tudo perderás ou te será roubado. tudo, todas as tuas possessões servirão de moeda de troca pela vivida vida que levas.
O mundo será teu porque nunca o tiveste,
nada que outrora possuiste será teu...
nada poderás fazer em contrario. revoltar-se será inutil. partir tudo será em vão. perde-lo-ias de qualquer maneira. é inevitável. está em ti. corre-te nas veias. no fundo, sempre soubeste.É a triste, mas peculiar herança. traço da pureza da tua casta. Orgulhosamente filho de deuses
generosamente filho de humildes camponeses.
em que buraco estarás tu desta vez?
em que mundo afogado!? que mundo te sufoca agora com hipocrisias e futilidades? que sociedade ignora compreender-te? tu...
Semper tão alheio, e sempre tão atento. Tão profundo, detentor da palavra escrita, gritada, sofrida. Que chorarão as folhas riscadas que te caem do bolso? Simples diários de viagens entre os teus mundos, os delirios e desvaneios. Cartas sem destinatário, sem sêlo... cartas que nuca serão enviadas, talvez lidas e certamente rasgadas, queimadas e esquecidas... Tu, inesquecivelmente recordado.
Onde repousa hoje o teu corpo inerte?
Franzino corpo. Maltratado. Duro. Todo ele calejado pela vida. Forjado pela rude vida. Madrasta vida. como pereceu a tua vontade? como te foi roubada? quiseste ter a vida... ser o dono da tua sina. perdeste o único que te restava, o que nunca clamaste de teu. até hoje. até ao dia em que te foi roubada. Quando a começaste a viver como sendo tua. quando a possuiste. quando a gozavas...
terás o mundo porque nunca será teu...
terás uma vida enquanto tua não for...
foste vivendo enquanto nao soubeste. foste vagueando pelo dia-a-dia enquanrto desconhecias o amanhecer e o anoitecer. vagabundo da vida enquanto vivias no limite do teu proprio mundo.
quando acordaste do teu peculiar sonho e descobriste a vida, não te restou tempo p'ra viveres.
a primeira lofada de ar fresco. o primeiro arrepio. a paisagem. a beleza... a beleza da vida. cais antes de poder gritar o "estou vivo" que te escapa e te arranha as cordas vocais. engasga-te a primeira silaba viva que tentas gritar do fundo do peito. não estás vivo mais.
(foste) espiritualmente morto na vida.
(es) fisicamente vivo na morte.
(serás) inesquecivelmente recordado...
sexta-feira, fevereiro 04, 2005
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1 comentário:
Indignação...
a alguem que idolatras...
a alguem que viveu no desafio desviante da linha continua que alguem pintou e que partiu antes da hora que tu achavas ser a certa...
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