sábado, janeiro 14, 2006

- V3´lh4 -

que vida?
como s define uma vida sem vida
uma vida sem um rumo
sem um fim..
sem um fim aparente, aparentemente aparente..
como s pode dizer k a velhinha perdida no estação rodoviária
pedindo ajuda, nao tem vida?
lentamente arrastando pé ante pé, deambulando,
bailando num passo descoordenado da vida, descoordenado pela descoordenada cabeça da descoordenada razão de vida.
a velhinha, traja d negro, toda de negro, desde a ponta da unha mais negra de sujidade negra de uma solidao negra, até à ponta do cabelo negro, sujo e negro, oculto sob o lenço negro, negro e sujo k pende sobre o rendado xaile negro.sujo.
traz no rosto desenhado um olhar perdido, vazio. Só. a solidão de kem está só, perdido, com um pedaço de papel a rasgar de velho k pende do bolso do sujo xaile. sujo e negro.
a sua voz, idosa como a velha, gasta, rouca. baila ao compasso do arrastado passo.
num tom arrastado roga por ajuda. reza por clemencia, pena. nao pede directamente. apenas chora um telefonema. uma voz familiar.
traz no gasto papel um numero, um numero tambem ele gasto, usado. todos os poucos olhares de compaixao gastaram o numero no gasto papel. todos os poucos gestos de ajuda usaram o usado numero.
tentativas frustradas. tentativas falhadas. vãs vontades.
o numero toca...
o numero existe...
alguem do outro lado nao..
alguem k responda pela suja velha nao...
a tristeza do rosto da velha, alastra ao rosto da compaixao. devora-o. transforma-o. converte-o a uma desculpa. a uma mentira. o atraso aumenta a pressa ressurge e faz fugir. qualquer desculpa é valida pra velha suja. qq desculpa pra evitar o rosto mais triste, a expressao mais só, a dor mais profunda.

1 comentário:

Anónimo disse...

medo...
medo de envelhecer...
o maior medo: não o de envelhecer mas o de ter de (sobre) viver na solidão