quinta-feira, abril 28, 2005

..:: sUnh4(d0r) ::..

sonhar
mais alto
sempre
mais vazio
consciente
mais oco
só, apenas
isso, só.
nada
ninguem
guarida
ti
sem
sonhei
mais alto
acordei
caí
duro chão da realidade
mais vazio
consciente
mais oco
só, apenas só!...

dÓ!s.m

dóis-me..
a ausencia de ti..
a presença de ti..
és o maligno tumor que me corrói..
consomes o pouco ar que sofregamente trago entre a dor de ti.
inundas-me os olhos nas lágrimas que silenciosamente te escorrem pela alma
e serenamente me lavam o rosto.
choro.
grito o teu desespero com o meu.
dóis-me...
a claustrofóbica ausência que me aprisiona as ideias em ti.
a inibidora presença que me esmaga as palavras e me grita o silêncio.
a dor da impotência;
a potência da dor..
dóis.me.

segunda-feira, abril 04, 2005

D3!xA-m D0rM!r

Respira a tua última lufada de ar. Engole o último trago de saliva. Dilacera o último pedaço do teu corpo. Deixa estagnar, coagular o sangue que te corre nas veias. Deixa-te desvanecer sob o frio e húmido solo. Jaz sob o peso da infinidade de grãos de terra que te cobrem, invadem o agora teu espaço. Engole, traga o último cm3 de terra. Afoga-te no último trago seco de terra húmida. Desaparece, tragada pelos “já a rebentar” vermes. Mas, acima de tudo mantém-te viva, entalada entre o fosco e sujo vidro e a podre madeira. Vive. Vive na parede na cómoda na mesinha de cabeceira, na velha mesa da avó – santuário da viúva. Vive, nos outros, nas memórias dos outros. Chateia-os.

E deixa-me dormir em paz que tenho sono e não me recordo de ti…

Vive inerte, imóvel no teu cadáver, putrefacto e pestilento, vive. Perdida nas paginas necrológicas de algum jornal local. Para que outros te lembrem. Para que te recordem aqueles que não conhecias e que não te conheciam.

Agora deixa-me dormir, deixa-me dormir que tenho sono e não te conheci.

Fode-te, desenterrada por algum tarado cujo sonho era que morresses. Não podendo ter-te em vida, possuir-te-ia na morte, na campa, sobre a campa, contra a lápide. Contigo a ver, fria, frígida, sem sentir, impávida e serena a assistir á tua violação. Á violação do teu cadáver, tentando perceber que pedaço de ti estaria a ser possuído.

Agora deixa-me dormir, deixa-me dormir que tenho sono e nunca te possuí…

domingo, abril 03, 2005

..:: R3m0rS.O.S. ::..

remorsos...
consomem-me...
corroi-me a frustração do que não fiz.
sufocam-me os agora exagerados sonhos de te ter.
Vejo agora a mentira da facil transfigurada realidade.
Sinto agora a dor de te não ter
camuflada pelo meu conformismo de te contemplar.